1 - Um Túmulo, uma Noite e um Olhar...

          Só me disseram que ela havia morrido 03 dias após o enterro. Não pude ir no velório. A ultima imagem que tenho dela é de 4 meses atrás quando a levaram: "Não deixe de acreditar na Noite". Tenho saudades da minha mãe...

          Alexander bateu na porta do quarto como se estivesse tentando arromba-la. Eu abri. Apronte-se sua dança começa em 30 minutos. Já estava disposta, já tinha me maquiado e agora era só enfrentar o Luxor e todo o seu público de pessoas da High Society Lybertiana.

          Alexander é um dos mais antigos funcionários da Madame Marthan. Ele não gosta de mim. Na verdade ele não gosta de ninguém.

          Luxor era um dos mais bonitos monumentos da terra, talvez o mais luxuoso de Vegas e era nele que eu dançaria nesta noite. Nunca me senti tão sexy, nunca estive tão confiante em uma performance. Eu estava sentindo que seria o melhor dia da minha minha vida. Para uma prostituta não seria difícil achar um "melhor dia", mas no meu caso eu estaria ocupando literalmente o lugar da minha mãe. Tive 10 minutos para me arrumar em um camarim. Eu estava pronta.

          Me deram sinal para iniciar. Entrei como se estivesse sem fazer sexo por meses, meu sangue estava quente, eu conseguia sentir meu coração bater, minha excitação estava a flor da pele, minha respiração estava quente e eu sabia que conseguia transmitir isso para as pessoas que me assistiam. Eu estava em êxtase. Foi quando eu vi os olhos mais marcantes que entrariam na minha vida: Madame Tigre. Tive um orgasmo em plena dança.

          Dancei por 4 horas, é claro com algumas pausas. Tigre ficou me olhando durante todo o tempo, ela saiu de uma mesa que estava ao fundo do salão e se sentou bem a beira do palco. Poucas pessoas podiam se sentar a beira do palco. Não demorou pra eu perceber que ela queria sair comigo e  é claro que eu queria sair com ela. Só dependia do fato de ela poder pagar o preço ou não, afinal de contas eu era uma das prostitutas mais caras da casa. Eu estava com muita vontade de sair com ela.

          Ao fim da dança, Alexander me chamou e me falou sobre a moça que estava me olhando, já estava acertado, eu ia passar a noite longe de casa. Em muito tempo o primeiro programa que eu estava realmente disposta a fazer por puro prazer. A noite seria longa e com certeza mudaria meu destino.

          Saí de mão dadas com a dama Manchuriana, Madame Tigre, uma mulher misteriosa e linda. Fomos até seu carro, ouvi ela chamar o motorista de Richard e ele me parecida ser Mexicano. Fomos até um local onde ela estava se acomodando, eu não reconheci, eu nunca havia vindo neste local antes. Minha noite estava só começando.

          Uma após outra ela retirou minhas peças de roupas. Parecia que o foco era o meu prazer e não o dela. Ela me tocava como eu nunca havia sido tocada antes. O sexo aconteceu pra mim. Ela não me deixou sequer mexer. Eu sim deveria pagar pelo serviço, não ela. Tive orgasmos múltiplos.

          Na manhã seguinte acordei, ela ainda dormia. Num repente pude observar uma faca suja de sangue. Corri para ver como estava minha cliente. Ela estava ilesa, porem banhada em sangue. Olhei para o meu corpo, procurei por cortes, fraturas ou algum machucado. Nada. Eu estava limpa. Então como este sangue vei para no quarto? Ou melhor, quem o trouxe? Fiquei calada. Eu estava com medo.

          Como está minha manchinha? Minha madame havia acordado. E claramente ela pode ver meu espanto. Sem falar mais nada, ela se levantou foi até uma mesa que havia do lado da cama, pegou uma maleta e começou a limpar as incontáveis adagas que ali ela carregava. Meu espanto foi maior, porem incrivelmente me senti aliviada por estar viva. De alguma forma, que eu não sei explicar, me senti segura naquele quarto, como se sentisse nela alguma força. Um apoio que venho esperando desde que minha mãe morreu. Transamos por 3 horas mais. Minha programa estava no fim.

          Ainda no Taxi, eu tomei coragem e disse a Madame que queria vê-la novamente. Ela me respondeu com uma confirmação, um aceno de cabeça. Desci do carro, ela me entregou um envelope e pediu para que eu entregasse ao Alexander, eu o fiz. Quando passei por Alexander, logo após entregar o envelope, ele me provocou "Ta rindo de que vadia?". Fiz de conta que não escutei. Não satisfeito, ele me bateu no rosto com o dorso esquerdo. Cai no chão como com se fosse uma vassoura. Me levantei e fui para meu quarto. Naquele momento, jurei o desgraçado de morte. O dia estava bom de mais pra ser verdade.

         

       

           
 
       


       

           

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